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27 de fevereiro de 2011

Por ti



Por ti.

Saltaria de trapézio no escuro,
beijaria a boca da noite atual,
escalaria o Everest de sandalias,
venceria todos os enduros,
usaria roupa de cristal,
faria vinte sonetos de amor,
não faria uma canção desesperada,
me alimentaria só de isopor,
faria de beijos, uma sonata.

Por ti
ando na linha do Equador,
de água de coco construo um lago,
arranco os dentes das facas,
faço tudo que não pode supor,
me faço o mais sábio dos magos,
pratico surfe com maca.

Por ti
Irei pulando ao último andar,
anteciparei o incerto futuro,
mudarei a posição de seu mar,
mudarei o verde fruto, maduro,
farei chover cem anos, no deserto,
pintarei a Casa Branca de lilás,
trarei voce para bem perto,
criarei uma ilha de paz.

Por ti
faço
desfaço
invento
crio
aumento
fio
e tudo
mais.


Gustavo Drummond

Apologia a mulher




Ser divinizado, essencial,
um toque de suavidade,
amiga, companheira,
amante, ente ideal,
brilhante claridade,
pacífica guerreira,
operária, mestra,
executiva, inteligência
e sensibilidade aguçadas,
para tudo se presta,
doce, amena, brisa,
supre toda carência,
surge na hora esperada,
presente mais presente,
coração sem dimensão,
lhe dou um canto bom,
mais fervorosa oração.
Chuva no árido,
consolo constante,
apascenta a terra,
adoça o ácido,
meigo semblante,
tantas virtudes, dons,
criação fértil, linda,
brado em mais alto som,
graça que não finda;
jeito de ser MULHER!

Gustavo Drummond

Somos, seremos




Elos de mesma corrente,
cordas de mesma guitarra,
roupagem
 diferente,
colibri e cigarra.
Água de idêntica chuva,
versos de mesmo poema,
mãos com justas luvas,
filme noir, novo cinema,
único grito enclausurado
em nossa garganta.
Sol enluarado,
semana santa,
corpos e alcova,
gosto que se prova
e vicia totalmente.
umidade relativa
do mar, ondas bravias,
dança intermitente,
sensação hiperativa,
maliciosa companhia,
pecado e pecador,
somos, seremos
outro nome do amor!

Gustavo Drummond

Vinda




Habilite-se sem protocolo,
habite-me como lhe convier,
frequente-me demasiadamente,
sem constrangimento ou dolo,
mesmo quando eu não quiser,
vasculhe-me meticulosamente,
impregne-me com aroma de maçã,
envolva-me com seus abraços-imã,
nem importa se tresloucada ou sã,
com as fórmulas e bençãos de xamã.
com a cruz ou a espada vã
procure em mim o seu amor.
Me venha como lhe aprouver
exale-me pelos seus poros
respire-me como seu ar sagrado
me toque ruidosamente
ou de mansinho
como prazer lhe der.
Esconda em mim suas vontades
lambuze-me com seu querer
com suas rezas fortes
ou com singela prece
me tenha como se merece
me ame como não se esquece
sem pudor e sem acanhamento
me seja doce luz ou trevas e tormento
pois o que importa em nós
é tranformar a vida
num único momento!

Nice Canini/Gustavo Drummond

A atriz




Veja ...

como ela é bela, suave,
rompe o espaço
como doce ave,
não cai por um triz,
cheira de graça;
o rosto da atriz...

Veja ...
será que mora no arranha-céu?
as paredes do quarto são feitas
de delírios contentes?
será que ela pensa em mim?
criação perfeita
o corpo da atriz...

Veja ...
como sorrir, fosse fácil,
amar fosse só prazer,
encanto tão natural,
beijos fossem colibris,
são indizíveis 
os desejos da atriz...

Olhe ...
parece que é para sempre,
anatomia de deusa grega,
encanto de estrela primeira,
elegância de rosa vermelha
eu só queria estar
na vida da atriz...

Gustavo Drummond

20 de fevereiro de 2011

É proibido/permitido

Determinantemente,
é proibido:

Me fazer infeliz,
invadir meu quintal,
trancar minha aldeia,
sedar meus cachorros,
vedar minhas veias,
podar meu jardim,
murar meu quintal,
amordaçar meu olhar,
vendar minha boca louca,
interromper meus sonhos,
abrir as garrafas vazias,
entender minhas agonias,
dormir em minha cama,
apagar minha chama,
É totalmente probido!


Gustavo Drummond




Completamente 

é permitido:

pular meu muro,
invadir meu escuro,
soltar minhas bruxas,
morar em minha vida,
sentir-me querida,
clarear meu olhar,
destravar unhas e dentes,
escandalizar minhas flores,
por mim, morrer de amores,
consumir minhas drogas,
tomar todo meu vinho,
colocar-se em meu caminho,
deitar em minha rede,
matar a minha sede,
É completamente permitido!

Rita Encinas

Meu poema




Despojado de pretensão, versos apenas
Fecundados em minha mente alternativa,
Discorrendo sobre aspectos banais, cenas
Dizendo de flores canoras, aves radioativas.

Deslumbrando diante a presença do amor,
Desfia odes, loas, mesuras de toda sorte,
Atinge cumes bem altos que se pode supor,
Canto de alegria, vida, na guerra, um corte.

Sua sina é dizer da beleza natural espalhada.
Dos vôos noturnos, cachos, cactos, cachoeiras 
Trancar na bainha, a destruidora e cruel espada

A meu poema basta sentar no precípicio, na beira
Vislumbrar a ciranda do mundo, absurdo animado
Sem ponderar, nada impor, admirar o viver cansado.


Gustavo Drummond

Aprendendo a amar



Não há escola, faculdade,
só meu modo e jeito
transformados em atos
concretos. Sinceridade,
carinho, afago, respeito, 
amor demasiado, de fato.
Envolver o ser amado,
com apreço e ternura,
embrulhá-lo pra presente,
envolvê-lo bem ousado,
cuidar com doçura,
cativar intermitente.

Aprendo com pássaros de fogo,
crianças absortas em seu brincar,
no livro da vida, na mesa de jogo
da mente, na biblioteca do coração,
com os mistérios e histórias do mar,
envoltas do toques de razão.
criatividade do artista,
ousadia dos templários,
em nenhuma revista,
em nenhum dicionário.
amar se aprende amando,
renovando, consolidando
as raízes do bem-querer,
sorvete de beijo, abraços
sufocantes, carícias cruéis,
bala delícia, sonho de valsa,
serenata do amor, passos
de dança, suaves laços,
versos de menestréis.

Gustavo Drummond

12 de fevereiro de 2011

Ainda é cedo




Tempo marcado,
ponteiros incertos,
minutos contados,
segundos marcantes.
Areia colorida escoa,
cada grão, uma vertigem,
cronômetro dispara
e nada se compara
àquele momento
em que o ocaso
chegou junto com a lua
e nos disse:
"Ainda é cedo"!

Tempo ilimitado
relógio andarilho,
galopa apressado,
segue trilhos.
Astros em movimento,
cada passo, uma esperança,
lucidez desperta,
em tudo há o alerta,
aquele tormento,
em que o acaso
em coro com o céu
nos avisa:
"A vida não para"!


Rita Encinas/Gustavo Drummond

8 de fevereiro de 2011

Recomeçar




Romper as algemas,
desenferrujar as asas,
liberdade como tema,
amor vem e passa,
lava a alma a seco;
Um dia chego de repente,
sem bagagem,
com coragem,
venho inteiro, latente,
com vontade de ficar
na sua vida, até quando
a minha vida deixar,
pelo seus olhos olhando,
meu sorriso em seus lábios.
acho que estamos aptos,
hábeis, ávidos, sábios,
para tecer uma estrada,
louvarmos a lua plena,
que não seja nada,
sempre vale a pena,
um outro começo,
entre tropeços,
chegar em qualquer lugar.

(Gustavo Drummond)

Sei quem você é




Não te conheço
por digitais,
documentos,
informações;
mas pelo apreço.
toques labiais,
doçura de sentimento,
colocações.

Sei que é você,
quando a brisa
muda de rumo,
a chama me atiça,
maleável prumo,
sorriso contagiante,
silêncio que diz tanto,
leveza do semblante,
sinceridade do pranto.

Te reconheço a milhas,
mesmo disfarçada
loba na matilha,
lua menstruada,
rosa grávida,
semente ávida,
sem preço;
Eu te conheço...

(Gustavo Drummond)

6 de fevereiro de 2011

Suavidade



Suave é o suspiro 
em lânguida prostração...
Suave é o brilho
depois da paixão.
Suave é a voz
que se engana e diz não...
Suave é o encontro dos lábios,
e das mãos ao dividir a emoção... 

Suave é o delírio
em contrita oração...
Suave é o estribilho
durante a canção.
Suave somos nós
que fazemos de um não, sim.
Suave é o beijo de brisas
e dos lábios em comunhão.


(Jane Moreira e Gustavo Drummond)

Me satisfaz o que sou




Não quero causar impacto,
ser reconhecido na lua,
nem faço promessa, pacto,
sou comum, mente nua
exposta ao sabor do vento,
não ligo se gostem ou não,
traço meu próprio tempo,
entro em qualquer templo,
sou de todas religiões,
nasci em todas nações,
sei tão pouco, aprendo
sempre que lembro;
posso ser ninja, monje,
ativista, humanitário,
sou o perto do longe,
livre libertário.
não sou cruel demais,
sou amigo da paz,
me sacio com o quê
me satisfaz.
desconheço os porquês,
os ondes, as respostas,
sei apenas o que sei,
sou Atenas
ou
Esparta;
quem sabe?

(Gustavo Drummond)

Amor essencial



Amor é um caso sério,
envolvente mistério;
mesmo que leve anos,
seja leve como isopor,
frágil como recém nascido,
entre ganhos e danos,
enfeitiça a rubra flor,
solo estremecido,
solo de jazz,
sem temor ou culpa,
poliniza os versos,
fecunda estrelas,
gera sonhos diversos,
polpa de deliciosa fruta,
paz que predomina
pausa na guerra,
sensível, sublime,
transcende a terra,
ultrapassa a razão,
coisas do coração!...

(Gustavo Drummond)

Lembranças




Eu lhe trouxe de Bangladesh
versos em latim, acadêmicos,
tecidos de seda, natural,
perfumes nativos, amadeirados,
flores conservadas, em cristal,
fotos em terceira dimensão,
(te amo sem dimensão)
pássaros virgens, calados,
um céu de estrelas, recente,
jóias artesanais, pura arte,
um cantar afro, silente,
beijos cristalizados, sem alarde,
vasos de petróleo, importados,
de alta combustão, domados,
saltos de couro de leopardo,
um oásis fértil, de meu amar.

(Gustavo Drummond)

Flor(ir)




O poeta vai esculpindo o poema

No chão bordado de pétalas
Mãos-terra-fecundação 
No solo-árvore do corpo
O poema reencontra a matéria
Artéria- pulsação-vida
A obra nasce florida.
A musa vai espalhando inspiração
No céu tecido de pérolas
Mente-empatia-sementes
No colo-jardim da alma
A diva renova-se dócil
Matéria-fecundação-vício
Flores aromam a vida!

(Marly Ferreira-Gustavo Drummomd)

Entrega




Carregava flores 
nas mãos...
Na pele uma cicatriz
estampada.
A alma banhada de
silêncios...
O olhar marejado de
sal e brisa...
No peito, ainda pulsa
um coração.
Levava versos
na mente
na alma uma diretriz
planejada
A pele banhada de
sândalo
O sorriso escorrendo
pérola e mel
no coração, ainda bate
seu pulso.

(Marly Ferreira/Gustavo Drummond)

Ah... Se eu soubesse!...




Tivesse eu, o dom de um poeta líríco,
com lírios, desenhar versos latentes,
fosse um menestrel, afinado e típico,
em escrever sobre o amor da gente,
sensação indescritível, tão insensata,
turbilhão avassalador que transforma,
teceria um véu de ouro branco e prata,
num sopro, daria vida mais viva, forma
concreta ao sentimento maior, aflorado,
ainda que silente, soubesse dizer calado,
frases bonitas, de pura emoção e torpor,
te faria um poema erudito, bem escrito,
onde contasse de meu indizível amor,
traços firmes, alegres, ornado manuscrito,
que te desse um milésimo de felicidade,
te encantasse, te levasse a sorrir,
feliz seria, por ter a capacidade,
de seu coração dócil, atingir.

(Gustavo Drummond)

A vida não pode parar



Em ciclos variados,
circos armados,
várias estações,
segue a vida,
vivas flutuações,
oscila os sentimentos,
pende, com os sentidos
apontando para o centro,
variáveis momentos,
tormentos consentidos,
bem lá dentro,
o coração opina,
alma pondera,
as vezes desatina
a vida não espera,
nem existe outra safra,
o agora é o presente,
única certeza. A lavra
se esgota um dia ignorado;
é viver tudo que se sente,
enquanto não for passado!

(Gustavo Drummond)

Gueixa




Mais linda, suave, delicada,
olhos de cerejas saborosas.
traços finos, delgados passos,
pronta para ser amada,
dança, elegante,
entoa cantos, afinada.
quase levita,
mulher-colibri,
contornos, traços,
doce semblante
de pôr do sol,
nascente alegria
imagem bonita,
de porcelana,
delgado encantar;
se engalana,
sonha, arde,
cedo cede,
cai a seda,
se transforma,
sôfrega, maliciosa,
No tatami, ao amar.

(Gustavo Drummond)